Posted On

22
junho
2019

Boibumbópolis

JOÃO GUSTAVO MELO

A famosa loja de departamentos ganha na fachada um letreiro azul ao lado do vermelho original. A cerveja, cuja latinha é encarnada, também ganha sua versão azul metalizada. No maior supermercado da ilha, sobre uma pilha de biscoitos, os astros bovinos da cidade estão lado a lado, encenando nas gôndolas a rivalidade da arena. Nas praças, nas ruas, nos prédios públicos, as cores contrárias disputam lugar nos ornamentos, nas placas e nos anúncios. No comércio e na indústria, as toadas dão ritmo da evolução da ilha de Tupinambarana, que balança ao som do tambor. No trabalho e na diversão, está lá a polarização de uma cidade que nos lembra o tempo todo que não estamos em um lugar comum.

Na igreja, nas fachadas das casas, nas placas de trânsito, nas propagandas, nas ornamentações, nos mercados, nas escolas,  enfim, em todo lugar a batalha das tribos azul e vermelha é simbolicamente encenada a todo momento e em todos os espaços. Está lá nos hotéis, na farmácia, na casa de drink’s, no sindicato, na perfumaria… onde o sonho feliz de cidade encontra no verde uma utópica zona neutra. A cor de uma trégua que no fundo é melhor não acontecer. Deixa o povo nos lembrar do seu jeito que junho é sempre logo ali.

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