Posted On

08
julho
2016

Arroz de festa

Conheci o Mago Joãozinho Trinta em 1984 quando desfilei pela primeira vez na Beija-Flor de Nilópolis ao som de “O Gigante em berço esplêndido”.

João tinha uma maneira única de conduzir seus carnavais, especialmente em seu período glorioso na Beija-Flor. Sua paixão e delírio me marcaram durante os vários anos em que lá desfilei. Ele me chamava de “arroz de festa”, título dado às pessoas que só apareciam na comunidade no período de carnaval para desfilar.

Fazia questão de explicar o significado de cada fantasia, embora várias vezes fosse difícil de entender o que ele queria dizer (em comparação ao visual da fantasia).

Fiz parte da comissão de frente do inesquecível “A Lapa de Adão e Eva” em 1985, onde João era o coreógrafo. Marcava ensaios diários, tinha tempo para tudo e todos, observava tudo, até a cor de nosso bronze (me disse que eu era muito branco e que se eu não pegasse uma cor não poderia desfilar). No sábado das campeãs caiu um temporal na hora do desfile e João ficou delirante de alegria e disse a todos “vocês não conhecem a força dessa comunidade quando desfila sob chuva”. Lavei a alma e fiquei todo manchado de azul por vários dias.

Tive vários momentos inesquecíveis com João e até brigamos quando ele insistiu que eu desfilasse com a genitália quase desnudada em seu “Todo mundo nasceu nu”; mas o mais emocionante que tive junto à ele foi em 1986, quando desfilamos sob um dilúvio com o seu “O Mundo é uma Bola”, momento que até hoje me traz lágrimas de alegria.

Bailarino, carnavalesco, gênio, mago, coreógrafo, louco, apaixonado, inesquecível, incomparável. Minha primeira coluna de imagens é dedicada ao Rei dos Delírios, João Clemente Jorge Trinta.

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